Com a força de um coração cósmico
O que ocorreu no Haiti, antes e depois do terremoto, foi trágico, mas pode ser uma boa lição, considerando que tais eventos podem tornar-se mais frequentes
O Haiti foi abalado mais uma vez, ontem pela manhã, com um tremor de magnitude 6.1 (escala Richter), o que já era esperado pelos geólogos, apesar de muitos acharem que é a colera dos deuses que não está ainda aplacada, e ao longo de décadas e séculos isso será inevitável, em função da condição geofísica daquela região.
O sismo que jogou p’ra cima o Haiti, assustou os menos avisados com um novo tremor de 6.1 (escala Richter), anteontem de manhã, considerado pelos geólogos como um fenômeno esperado, porque nem toda a energia acumulada foi liberada no primeiro terremoto. E pode haver outros menos potentes, nos próximos dias.
Para o editor da revista Scientific American Brasil, jornalista Ulisses Capozzoli (2010), boa parte das pessoas pode até pensar que a cólera dos deuses ainda não foi aplacada, ao refletir sobre a situação que a “estupidez humana” produziu naquela região e que o terremoto expos ao mundo.
Para Capozzoli (2010),
[...] enquanto a Natureza não desiste de castigar os humanos, liberando sua própria tensão interior, a comunidade humana de muitas maneiras toma iniciativas louváveis (...) artistas e cidadãos comuns parecem mais determinados que seus governos, determinados a se exibir como pavões preocupados como implicações geopolíticas.O jornalista critica países como a França que, por muito tempo, explorou o Haiti e parece não saber (?!) como ajudar, mesmo tendo fortes obrigações morais, considerando-se a sua “presença devastadora” que está gravada em todas as partes do país, a começar da língua, dos costumes e da miséria. Espedava-se que tomasse a iniciativa.
Magnitude dos terremotos
O sismo que literalmente desmoronou o Haiti, de magnitude 7,0, é quase dez vezes mais poderoso que o que se manifestou ontem. Mais exatamente, 9 vezes mais intenso.Tremores incomuns
E isso porque os sismos são avaliados numa escala logarítmica de base 10, em que um tremor de escala 7,0 é dez vezes mais intenso que um de magnitude 6,0 e, portanto, 100 vezes mais intenso que um de magnitude 5,0 ou mil vezes que um de magnitude 4,0.
Da mesma forma, um tremor de magnitude 8,0 é dez vezes mais poderoso que um de magnitude 7,0. A escala vai até 9,0 porque, depois disso, o solo se rompe e não faz mais sentido medir a energia de um sismo. (Capozzoli, 2010)
Avalanches de neve, em países de clima gelado, podem ser provocados artificialmente, quando se percebe que amjeaçam vidas e instalações humanas. Deslizamentos de encontas (em regiões tropicais e com chuvas pesadas de verão) podem ser estudadas pelos geólogos e previstas a tempo de evitar o pior. Mas com terremotos ou sismos é bem diferente, pois apesar de seu avanço tecnológico continua incapaz de evitar surpresas duras e desastrosas.
Explica Capozzoli (2010) que os tremores de terras podem ocorrer mesmo em áreas comuns no centro das chamadas placas tectônicas - uma subdivisão da litosfera, que é superfície do planeta sob os nossos pés “onde tudo, aparentemente, é sólido e estável”.
Entre o sul do Estado de Minas Gerais e o leste do estado de São Paulo, onde se localizam as cidades de Poços de Caldas (MG) e São João da Boa Vista (SP), existem falhas geológicas que podem produzir tremores de magnitude incomuns da placa tectônica Sul Americana, devido a processos de reacomodação geológica.
No caso do Caribe, trata-se de “uma peça pequena numa estrutura que parece a casca quebrada de um ovo cozido”, como ilustra Capozzoli. Literalmente prensada pelas placas Norte Americana (norte/nordeste), do Pacífico (noroeste), de Cocos (oeste), Africana (leste) e Sul Americana (sul), em deslocamento constante, a placa do Caribe sofre pressão de todos os lados, como protagonista central de um processo de convecção originário do coração metálico e quente da Terra.
O calor que funde metais como o ferro e níquel, entre outros, no centro da Terra, é tanto remanescente da bola de fogo que a Terra foi na fase de sua criação, quanto resultado de energia liberada por elementos radioativos, como o urânio, no corpo do planeta.
Essa mesma estrutura metálica em movimento no centro da Terra também é a fonte do campo magnético que protege as formas de vida do planeta de radiação cósmica, especialmente das partículas liberadas pelo vento solar, mais abundantes nos momentos de intensidade de explosões solares, com ciclo médio de 11 anos.
Isso significa que a vida se equilibra sempre entre situações extremas com a determinação que lhe é própria, embora, aparentemente, esteja sempre ameaçada. (Capozzoli, 2010).Leia mais sobre o terremoto no Caribe, em matérias d’A Página Haiti devastado e em É possível prever terremotos
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