Cidade e cérebro são semelhantes
O número de vias urbanas e o número de sinapses neuronais do neocórtex são proporcionalmente similares
A organização das cidades é similar à organização do cérebro e sua evolução reflete a evolução dos cérebros animal e humano. É o que sugeriu um estudo de 60 cidades de porte médio a grande, realizado pelos neurocientistas Mark Changizi e Marc Destefano (2009), do Rensselaer Polytechnic Institute, do Estados Unidos.
Da mesma forma que os mamíferos avançados requerem uma rede neuronal robusta para desenvolver pensamentos mais complexos e ricos, as grandes cidades necessitam de amplas avenidas e sistemas de transporte para ter uma população maior e produtiva. Segundo os citados autores, há uma surpreendente similitude na forma em que as cidades e o cérebro enfrentam as dificuldades para manter uma interconexão sufiente:
... a seleção natural tem guiado pacientemente o desenvolvimento do cérebro dos mamíferos ao longo do tempo, da mesma forma que políticos e empresários vão compondo indiretamente a organização das cidades grande e pequenas.
Quando o cérebro vai alcançando maior complexidade, sua estrutura e sua organização mudam com a finalidade de chegar a um nível ótimo de interconexões neuronais. As neuronas, em cérebros desenvolvidos, estabelecem um maior número de sinapses - que são uniões específicas a determinadas partes do cérebro por meio das quais a pessoa transmite e recebe sinais). Por isso, não bastaria dobrar de tamanho o cérebro de um cachorro (por exemplo), para que este adquirisse as capacidades cognitivas dos humanos, se esse cérebro não processasse conexões neuronais pertinentes.
Nas cidades ocorrem o mesmo: a interconexão é um componente essencial para o funcionamento geral do sistema, que muda com o crescimento da cidade, procurando assegurar sua funcionalidade.
A descoberta de Changizi & Destefano (2009) foi publicada em artigo da revista Complexity: Common Scaling Laws for City Highway Systems and the Mammalian Neocortex (Disponível em PDF) Para os autores
... quando aumentam tanto em tamanho como em funcionalidade, as cidades como o cérebro seguem leis empíricas similares: devem manter um nível fixo eficiente de interconexão para funcionar adequadamente.
[Ilustração: Rensselaer/Mark Changizi]
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