Memórias de uma época - IV

20100628

O irritante barulho da vuvuzela

Sopros exaltados e ensurdecedores das vuvuzelas podem levar à surdez. Proteja-se!

O irritante e estridente som da vuvuzela, mais alto que um show de rock ou motoserra à toda, só perde para uma turbina a jato. Seu som ensurdecedor tem animado as torcidas e “está na boca do povo” (como escreve hoje Flávia Ayer, Correio Brasiliense/Ciência e Saúde), mas causa sérios danos aos ouvidos, afetando irreversivelmente a audição.

Um sopro na corneta produz ruído de 140 decibéis (dB), equivalente ao de um avião decolando. Em estudo publicado no periódico médico South African Medical Journal, cientistas do Departamento de Patologia da Comunicação da Universidade de Pretória mediram a emissão sonora da vuvuzela durante uma partida de futebol com público de 30 mil pessoas e constatou um nível de ruído constante de 100dB.

Segundo o jornal The Star (da África do Sul), o barulho de 120dB das tradicionais torcidas brasileiras (com seus apitos, bumbos, buzinas e cornetas) não superam o som do cornetão sul-africano, mas também pode causar sérios danos e levar à surdez.

Altos níveis de ruídos prolongados são objeto de regulamentação pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), exigindo que trabalhadores em ambientes com mais de 85dB de forma contínua só permaneçam ali durante oito horas por dia, assim mesmo usandor protetores auriculares.

O otorrinolaringologista e professor João Luiz Cioglia Pereira Diniz (da Fundação Unimed), explica que, sendo o decibel uma grandeza logarítmica “quanto mais alto o nível do som, muito menor é o tempo máximo de exposição aceitável”. Se o ruído for de 95dB, mesmo nível de um piano sendo tocado bem alto, o limite para os ouvidos é de quatro horas, com proteção. Caso o barulho aumente para 110dB, igual ao som emitido por uma moto-serra, o tempo máximo suportável é de 30 minutos.

Segundo Diniz, apesar de o aparelho auditivo humano ter mecanismos de defesa, quando há alta intensidade de ruídos por tempo prolongado ou uma grande explosão (como um sopro da vuvuzela no ouvido), ocorre a lesão irreversível das células sensoriais. Elas ficam na parte interna da orelha e são responsáveis por transformar o som, onda eletromagnética, em estímulos elétricos capazes de serem decodificados pelo cérebro. “São células especiais que, uma vez lesionadas, não se recuperam”, ressalta.

Para o presidente da Sociedade Mineira de Otorrinolaringologia, Márcio Silva Fortini, o famoso zumbido no ouvido, depois de shows, noitadas em boates e, é claro, de jogos em estádios, é um dos indícios de dano ao aparelho auditivo. “A recuperação vai depender de cada um. Há pessoas que já têm uma perda imediata de parte da audição”, diz, lembrando que a exposição excessiva a ruídos não causa mal apenas ao ouvido. “Compromete a memória, o sistema límbico (que controla as emoções) e aumenta a irritabilidade”, enumera. “E, no caso da vuvuzela, ainda há o risco de contrair o vírus H1N1, pois, ao soprar a corneta, você tem contato com a saliva de outra pessoa”, adverte.

O cuidado com os perigos do som deve ser ainda maior em ambientes fechados, que concentram o barulho, mas o ideal é ficar bem longe de sopros exaltados e ensurdecedores.

A poluição sonora é tratada como uma contaminação atmosférica através da energia (mecânica ou acústica) e tem reflexos em todo o organismo, não apenas no aparelho auditivo. Ruídos intensos e permanentes podem causar vários distúrbios, alterando significativamente o humor e a capacidade de concentração. Provoca interferências no metabolismo de todo o organismo com riscos de distúrbios cardiovasculares, perda auditiva irreversível, perda dos reflexos, irritação permanente, insegurança quanto a eficiência dos atos, embaraço nas conversações, perda da inteligibilidade das palavras, impotência sexual, distúrbio hormonais, gastrite, disfunção digestiva, alergias, aumento da freqüência cardíaca e contração dos vasos sangüíneos.

Por tudo isso - e isso vale juridicamente (por ser comprovável) - as vuvuzelas são contraindicadas por representarem risco real para a saúde, devendo, portanto, serem proibidas pelas autoridades sanitárias e policiais brasileiras.

Além de causadoras de poluição sonora e, mais tarde, de poluição ambiental (por plásticos de má qualidade abandonados), são comercializadas livremente e sem controle fiscal do Poder Público, que tem o dever de zelar pela segurança e saúde da população.

Melhor será que a vuvuzela e companhia não sejam adotados para a Copa de 2014 (no Brasil), apesar dos fabricantes e camelôs já planejarem o futuro.

Mais sobre poluição sonora e seus males: Wikipedia - EcolNews

1 Comentário(s):

FFlorion,  13 de agosto de 2010 às 09:00  

Paris, 13 ago (EFE).- A comissão de competições da Liga de Futebol Profissional da França (LFP) proibiu o uso de vuvuzelas - as ensurdecedoras cornetas que foram a "trilha sonora" da Copa do Mundo da África do Sul - nos estádios do país.

Segundo informa nesta sexta-feira a imprensa francesa, a LFP argumentou que as vuvuzelas são um objeto perigoso para os torcedores que frequentam os estádios, já que podem servir como arma branca, apesar de oficiosamente a proibição ter mais relação com o incômodo zumbido.

O campeonato francês começou no fim de semana passado, e algumas vuvuzelas já foram vistas em alguns estádios, como o Parque dos Príncipes, onde o Paris Saint-Germain venceu o Saint-Etienne por 3 a 1.

A proibição das vuvuzelas é cada vez mais comum em eventos esportivos. As cornetas já foram vetadas também no Mundial de Basquete da Turquia, na Copa Libertadores e em torneios de tênis, como o de Wimbledon.

Estatísticas mundiais

Estas estatísticas são aproximações baseadas em dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), CIA Factbooks e US Census Bureau, entre outras instituições que fazem levantamentos sobre os diversos itens mostrados. Devido à dinâmica das datas é possível que alguns dados se apresentem contraditórios e não se atinja a acurácia pretendida. Por isso é bom comparar os dados e as informações com outras fontes. O Relógio Mundial e a Calculadora são criações de Poodwaddle.

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