Ano (Marciano) do Sistema Solar
O Ano Marciano (de 23 meses) começou em outubro de 2010 e terminará em agosto de 2012 com grandes experiências espaciais históricas, especialmente relacionadas ao Sol e a seu sistema planetário
Para observadores não-científicos e cientistas, devido à grande quantidade de missões espaciais em execução em 2011, a NASA (USA) passou a considerá-lo como o Ano do Sistema Solar (The Year of the Solar System ou YSS, por sua sigla em inglês).
Segundo Jim Green, diretor de Ciência Planetária da NASA, em 2011,
[...] triplicar-se-á a quantidade de lançamentos, de sobrevôos e de inserções orbitais (...) algo sem precedentes na história da Era Espacial (...) Estes eventos se desenvolverão nos próximos 23 meses, que é a duração do ano do Planeta Vermelho (Marte). A história recordará o período que compreende o outubro de 2010 ao agosto de 2012, como uma era dourada para a exploração planetária (Jim Green, 07/10/2010).
O ano, marciano (é claro), começou com a visita da nave Deep Impact/EPOXI, da NASA, ao cometa Hartley 2, em 20 de outubro passado, aproveitando-se da sua aproximação da Terra (17,7 milhões de quilômetros), sobrevoando-o a 700 quilômetros de distância. Em 4 de novembro, a nave ingressou em sua atmosfera esverdeada, precipitando-se ao núcleo de gelo, para estudar sua superfície (composição, possibilidade de organismo vivo etc) e as erupções de gás.
Em novembro último ainda, os astrobiólogos da NASA lançaram o satélite O/OREOS para comprovar a durabilidade da vida no espaço. Este pequenino satélite (do tamanho de uma caixa de sapatos) expõe um conjunto de moléculas orgânicas e de micróbios à radiações solares e cósmicas. O foguete leva consigo também o primeiro protótipo (histórico) de uma vela solar, capaz de gerar energia, propiciando que o aparelho fique orbitando em torno da Terra por vários meses, sem combustível ou energia artificial.
No começo deste dezembro, dia 7, a nave espacial japonesa Akatsuki (Orbitador Climático Venusiano) chamou a atenção ao tentar entrar em órbita de Vênus e fracassar. Agora, nova tentativa só em 2016. A missão era para conhecer como o planeta mais parecido com a Terra, em tamanho e órbita, acabou daquele jeito: seco, desértico, cheio de vulcões, envolto em nuvens ácidas e com um aquecimento global ao extremo de derreter até chumbo.
As atividades do Ano (marciano) do Sistema Solar, em 2011, começam em 14 de fevereiro com outro encontro emocionante: a sonda espacial Messenger interceptará o cometa Tempel 1 (foto, ao lado), antes de entrar na órbita de Mercúrio (18 de março).
Enquanto isso, a sonda Dawn (Amanhecer) prepara-se para sua aproximação do asteróide Vesta (em maio), o segundo maior asteróide (quase planeta) – um mundo alienígena de fato e de direito, no Cinturão de Asteróides – que deve ocorrer em julho, quando entra e permanece por um ano em sua órbita, lá estudando suas características físicas que possam explicar a formação do Sistema Solar e por que não se tornou um planeta.
O Ano do Sistema Solar continua em agosto, com o lançamento da nave espacial Juno, em direção de Júpiter; em setembro, com o lançamento do laboratório de gravidade GRAIL (Gravity Recovery and Interior Laboratory) que vai elaborar um mapa do campo gravitacional da Lua; e em novembro, com o lançamento de outro laboratório móvel (foto, ao lado), o Curiosity (Curiosidade), para explorar e analisar vários pontos na superfície marciana.
O ano de 2012 começara com a primeira maratona marciana e o competidor “estrela” será o veículo de exploração Opportunity, um tenaz robô que agora se dirige, descendo para o coração da cratera Endeavour, uma bacia do tamanho de uma pequena cidade. Nessa maratona, vai percorrer cerca de 19,3 km, desde o local de pouso e primeiros movimentos, e não apenas os mil metros para os quais ele foi desenhado.
Em meados de 2012, Opportunity chegará à borda mais alta da bacia, permitindo vislumbrar as paisagens do coração de Marte como nenhum outro explorador jamais fez. Sem dúvida será uma quebra de recorde épica, que nenhum cientista ousou sonhar, no início da missão.
Enquanto isso, lá no meio do sistema solar, a sonda Dawn acende seus motores de íons e se prepara para deixar Vesta. Será a primeira vez que uma sonda em órbita de um mundo alienígena sai dali e se dirige a outro destino, no caso, o planeta-anão Ceres, completamente esférico, rico em gelo e abundante em água, ainda inexplorados.
O Ano do Sistema Solar terminará em agosto de 2012, quando a nave-laboratório Curiosity pousar em Marte. Impulsionado por energia nuclear, passeará sobre as areias vermelhas, analisando o ar em busca de metano (um possível sinal de vida), e as rochas e o subsolo, para encontrar moléculas orgânicas. Espera-se que a curiosidade de sensores avançados e a mobilidade sem precedentes iniciem um novo capítulo na exploração de Marte.
Pela rota de Vega, vai o Sol pela Via-Láctea
Muitas histórias, crenças, religiões e monumentos, em várias partes do mundo, desde a Antiguidade, inspiraram-se no Sol (solis, em latim), a estrela que nos leva em giros formidáveis pela rota da Via Láctea, cujo percurso dura de 225 a 250 milhões de anos (um ano galáctico), a uma velocidade média de 251 km/s. Atualmente, pela vigésima vez, o Sol atravessa a Nuvem Interestelar Local de gás de alta temperatura, no interior do Braço de Órion (situado entre os braços maiores Perseus e Sagitário), puxando o sistema solar na direção da estrela Vega (constelação de Lira), entre as constelações de Hércules e Cisne.
O Sol, em termos massivos, representa 99,86 % do nosso sistema planetário, possuindo 332.900 vezes mais massa do que a Terra e um volume 1.300.000 vezes maior.
Sua distância da Terra depende da época do ano, ficando entre 147, 1 milhões de quilômetros (no periélio, dezembro/janeiro) e 152,1 milhões de quilômetros, (afélio, junho/julho). Na maior parte do ano está a 149, 6 milhões de quilômetros (1 Unidade Astronômica – 1 UA). Em aproximadamente 8 minutos e 18 segundos a luz solar chega à Terra, sendo armazenada pelos organismos vivos em forma de energia (glicose por fotossíntese) processo que afeta, direta ou indiretamente, todos os seres vivos, além dos fenômenos meteorológicos e climáticos do planeta.
É uma esfera de gás (em sua maior parte ionizada) composta de hidrogênio (74% de sua massa, 92% de seu volume), hélio (24% da massa, 7% do volume) e outros elementos químicos como oxigênio perto de 1% da massa do Sol), carbono (0,3%), néon (0,2%), e ferro (0,2%). Atualmente, é estudado como tendo nove regiões: 1) núcleo; 2) zona radiativa; 3) zona de convecção, no interior; 4) superfície visível, (fotosfera); 5) cromosfera; 6) região externa (coroa); 7) mancha solar; 8) grânulos; 9) proeminência solar.
A temperatura aproximada, no núcleo, é de 15 milhões de graus Celsius, capaz de assegurar a fusão termonuclear de hidrogênio e a produção de hélio, responsável pelo aquecimento dos planetas mais próximos como Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. Uma tremenda força gravitacional do centro da Via Láctea (distante cerca de 25 mil anos-luz) mantém essa temperatura sob altíssima pressão, expelindo energia em volta da zona de radiação. A energia, na seqüência, chega à zona de convecção, com a temperatura descendo a 2 milhões de graus Celsius, formando bolhas de plasma (uma verdadeira sopa de átomos ionizados) que se movem para fora.A superfície visível mais profunda do Sol (fotosfera) possui uma espessura de 500 quilômetros, de onde a maior parte da luz solar escapa. Ali, a temperatura desce a aproximadamente 5.503 graus Celsius, mas começa a aumentar à medida que se forma a cromosfera, camada que possui cerca de 2.000 km de espessura. Nesta altura, a temperatura pode chegar a mais de 2 milhões graus Celsius, antes de se refrescar nos ventos solares que saem pela coroa, uma camada fina com cerca de 200 km de espessura, e permeiam todo o sistema planetário, compondo a heliosfera. Este vento sopra continuamente em direção ao exterior do sistema, até encontrar a heliopausa a mais 50 UA do Sol.
Manchas solares são regiões de intensa atividade magnética na coroa solar (foto, ao lado), onde a convecção é inibida por fortes campos magnéticos, que reduzem a saída de energia do interior do Sol, fazendo com que essas regiões possuam temperatura mais baixa do que ao redor, o que causa as gigantescas erupções solares e a ejeção de massa coronal com dezenas de quilômetros de diâmetro (foto abaixo). Os efeitos dessa atividade solar na Terra produzem auroras em médias e altas latitudes, a disrupção de comunicação de rádio e potência elétrica e a reestruturação da ionosfera terrestre.
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